A conheci adolescente, eu mais velho 8 anos, ela tinha 10 e eu 18 e sempre a achei muito, mais muito bonita. Ela corria de mim na época e só parou de brincar de boneca aos 15, não tinha mais companhia. Quando ela fez 19 deu o primeiro beijo e eu já estava na faculdade e já havia namorado meio mundo aos 27 anos.
Na festa dela de 20 anos, duas décadas e ela queria comemorar, eu fui de penetra e dei um jeito de ficar colega dela. Ela estava deslumbrante, já na faculdade de psicologia, cheia das opiniões sobre tudo, e olhava as pessoas como se pudesse descobrir qual transtorno tinham, porque para ela todos tinham monstros e traços de transtorno. Eu fui me apresentar e ela disse: ” – Carlos, que surpresa, eu nem te convidei.” Fiquei ruborizado, mas não perdi a pose e respondi: ” – sou a surpresa.”, ela replicou: “- está mais pra susto, mas já que veio fique a vontade.” Riu e me deu as costas.
Passei a festa inteira a admirar a beleza dela e toda a desenvoltura dessa adulta que eu conheci menina. Ela já não corria dos meninos, dançava de forma despretensiosa, mas que atingia o coração dos homens em cheio, dos moleques, dos adolescentes…
Ela ficou mais um tempo deitada ao meu lado com pensamentos a esmo. Sentou na cama, depois ficou em pé e começou a pular. Olhou pra mim e disse: “- deixo aqui tudo o que não é meu. me livro dos excessos e dos nós. Seremos felizes no futuro, cada um no seu. Caso nos encontremos será um prazer enorme lhe rever.”
E se foi com a desenvoltura que me fez a admira-la há anos atrás e que naquele instante me fez admirá-la ainda mais.
Ana Nívia
Apaixonada por esses textos!!!
Amo muito!