19 de Dezembro de 2016
Ela está voltando pra casa.
Dessa vez volta leve resignificando toda uma despedida de dor. Ela volta com o coração radiante de quem aprendeu o valor da espera.
O tempo que tudo cura a amostrou que a dor de um amor também passa, que é possível voltar a sorrir com quem um dia já fez chorar.
Na vida de cada um só acontece o que lhe é permitido, ou seja, toda dor só ganha proporções extremas se forem alimentadas.
Ela decidiu não alimentar a dor. Pegou as memórias tristes e viu que havia alegria ali também. Ela sorriu. Jogou a culpa no precipício. Se perdoou. Não ouviu ninguém. Não seguiu conselhos. Agiu por ela mesma e ficou completamente emponderada de si. Sorriu na despedida ao tomar cappuccino com pão de queijo enquanto ele a olhava e a ajudava a limpar a boca que ficara suja após ela provar do sanduíche dele.
Sorriu ao o ver chegar e poder abraça-lo depois de dois anos. Sorriu por saber que contribuiu para que hoje ele fosse uma pessoa melhor.
Ela o ama, mas resignificou o amor. Sabendo que amar é deixar ir o que não pode mais ser, sabendo que amar é aceitar o que se é e não se iludir com o que poderia ter sido, sabendo que amar é uma questão de escolha e que por isso ela escolheu a si mesma. Dessa forma não há projeções malucas nem idealizações a serem realizadas por alguém que não seja ela própria.
Ela está feliz, leve, cheia de planos e sonhos com o presente e o futuro.
O passado saiu da escala de cinza e ganhou cor. A cor rosa representa a gratidão por tudo que ela aprendeu, inclusive a amar.
*texto originalmente publicado no instagram @podiasercorderosa