14 de Junho de 2017
Tudo começa com indisponibilidade, a tal caixa do nada que os homens têm na cabeça. Eles vão para lá, vez ou outra, quando não querem papo ou, simplesmente, querem paz.
É assim que tem início a saga de mendigar amor. Não deveria ter tido nenhum capítulo, mas geralmente vira uma novela mexicana, com direito a cenas lamentáveis de implorar o amor de alguém que não quer mais amar.
Vamos para o significado da palavra.
Mendigar: solicitar com insistência, humildemente; instar (insistir), implorar, suplicar.
esmola; valer-se da caridade alheia.
Pesado, mas quem nunca?
Se houver alguém que nunca tenha mendigado amor desejo do fundo do meu coração que continue sem fazê-lo, pois é deprimente de ver e de sentir/fazer.
É deprimente dos dois lados: o de quem mendiga e do outro que não sabe o que fazer perante tamanha humilhação – se relacionar com alguém por pena também é deprimente.
Quando vejo alguém mendigando amor tenho vontade de correr e gritar: “TE PRESERVA”! (já gritaram isso para mim) Mas quem mendiga amor parece os três macacos, mas sem a sapiência, não vê, não ouve e não fala, por isso a intervenção não adianta.
Parece que é preciso passar a vontade de querer fazer doer.
É maluco demais, entretanto parece que existe uma satisfação em levar o fora, como se houvesse um condicionamento no inconsciente ativado pela ideia de “você não vale a pena”, “não é útil”, “não dá certo com ninguém”.
E se o discurso é aquele: “você é boa demais pra mim”. Ah, minha gente, a pessoa vai insistir mais ainda até fazer o ‘vestido’ 34 caber num manequim maior.
Muitas vezes rasga a ‘roupa’ e a pessoa não desiste.
Eventualmente é carência, ausência de se bastar, a falta de amigos ou é tudo isso junto mais (++++++) a peste da carência específica de ter aquele alguém.
Engraçado (mas não tem nenhuma graça), algumas pessoas parecem ter o botão: liga (eu gosto) / desliga (não gosto mais). Creio que não exista esse botão mágico. O que acontece é que se continua com o botão ligado, gostando, mas se recusa a lutar sozinho.
Mendigar amor é ir para a guerra nu e achar que está vestido, escoltado, protegido e que vai vencer pela força e insistência.
Mendigar amor é começar a cobrar coisas sem sentido (que o outro antes fazia por prazer) : “Bom dia, boa tarde, sonhe comigo, senti sua falta…”
Mendigar amor é inventar desculpas para falar com a pessoa ( “ Você está bem?” , “como é mesmo o nome daquele restaurante que você me levou?” Você está precisando de algo?”) correndo sérios riscos de conversar só ou a ter a resposta: “Isso é urgente?”
É você ver que está perdendo e não aceitar a derrota e dar tudo de si —-> que o outro agora despreza porque perdeu o valor.
Os relacionamentos são baseados na admiração e na eterna conquista diária; Se perde a admiração, não vale a pena conquistar.
Não se conquista qualquer coisa; Se conquista se algo tem valor, por isso valorizar até o amor que se dá é importante.
Quando se perde o interesse e a pessoa quer manter a cordialidade, para não parecer grosseira, vem a falta de tempo e os monossílabos: bom, bem, hum.
Em seguida vem o desespero, por parte da que mendiga, e se pede beijos, uma última noite de amor, se apela para o instinto e para o sexo; o que pode não adiantar e estragar tudo ou “adiantar”. Se faz sexo, dorme. No outro dia uma pessoa saciada e a outra mais vazia –> Mendigo por opção, fez do coração um farrapo, quis restos, não se bastou.
De vez em quando o outro se sentindo culpado pode tentar ser legal, então o mendigo de amor confunde tudo de novo e a pessoa ignora, esnoba, tem certeza que não dá pra ser nem colega.
Acabou.
Recolha os cacos e recupere a dignidade da sua vida, o respeito por si mesmo.
Não se controla? Muda de número, apaga o que tá na agenda, evita ir para os mesmos lugares, encontrar, mas não mendiga amor.
Ninguém merece!!