4 de Dezembro de 2016

Primeiro sentiu o cheiro, inspirou profundamente, quando olhou para o lado era ele. O coração quase saiu do peito em um ímpeto, mas congelou. O cérebro deve ter mandado algum comando surpresa do qual ele (o coração) não pôde se desvencilhar.

Ele a olhou também. Estavam na mesma seção de livros. Educadamente sorriu, perguntou se ela estava bem. Ela sorriu de volta, ainda congelada, e só balançou a cabeça em gesto afirmativo.
Ela estava linda. Radiante, esbanjando auto confiança e controle – o que era bem raro quando eram um casal. Já que as maiores discussões dos dois era a falta de controle e dependência dela.
Ele tentou começar uma conversa – ela não se sentia pronta para conversar; a vontade do louco coração era dizer que ele estava mais magro, que certamente parou de beber e fumar e começar a reclamar que ele devia ter feito isso enquanto estavam juntos e blá, blá, blá! – ela o olhou, sorriu e disse: – tenho que ir.
Ele respondeu: – Também estou de saída quer que eu te deixe em algum lugar?

Mentalmente ela respondeu: – Me deixar de novo? Não basta uma vez?, mas ao invés disso ela disse: – Obrigada. Não precisa.
Ele perguntou o motivo.
Ela respondeu: – Aprendi que amar é respeitar espaços.
Ele retrucou: – Você não vai desrespeitar o meu espaço, estou lhe oferecendo.
Ela sorriu e disse: Eu sei. Estarei respeitando o meu espaço. Aprendi que é preciso ser um para poder ser dois. Sei que uma carona não significa recaída, mas é melhor evitar. Preciso ir.
E foi, agradecendo ao cérebro ter congelado seu coração.

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