28 de Janeiro de 2018

Estava aguardando minha consulta médica.
Uma criança de aproximadamente 7 anos sentou à mesa de brinquedos, na recepção do consultório, e pediu a ajuda da mãe para montar uma casinha.
A mãe prontamente respondeu: ” – Já vamos entrar, deixa eu ver seu exame.” E ela, a criança, continuou pedindo, sem sucesso.
Depois, falou com o pai: “- Pai, me ajuda a fazer a cerca da casinha.” E o pai, com os olhos fixos no celular, disse: ” – Filha, deixa aí, vamos já entrar no consultório.”
Ela continuou pedindo e nada.
A mãe e o pai , enquanto ela falava para as paredes, continuaram, agora juntos, olhando o mesmo aparelho telefônico e ela brincando sozinha.
Quando percebeu que o celular roubava a atenção, que deveria ser dela, foi lá e observou o que eles estavam fazendo.
A mãe disse: “- Volta a brincar, filha.”
E ela em uma atitude, para mim desconcertante, deu um beijo na mãe e disse: “- eu te amo” , mas ainda assim, continuou a brincar só.
Falava em voz alta, acredito que para chamar atenção, porém sem êxito.
Agora, pai e mãe, já estavam entretidos em seus brinquedos digitais.

Vi esses dias, por meio da postagem de um amigo em uma rede social, que o modo avião do celular pode ser o modo de brincar, para que haja essa interação sem interrupções.
Faz todo sentido.

Em um mundo cada vez mais frenético por informações e presença virtual, a física e o olho no olho ficam como a criança no canto, tentando chamar atenção para o que verdadeiramente importa…

É tentar praticar o tal do amor em meio ao caos, diminuir a falta de atenção.
As crianças nos ensinam pelo amor que constrange. E nós, adultos, muitas vezes constrangemos a nós mesmos por agirmos como crianças magoadas, magoando outras crianças, deixando faltar o mais básico, fundamental, importantíssimo e real A-M-O-R.

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