19 de Julho de 2016

Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
O barulho inconstante deu lugar a uma constância irritante.
Desligaram os aparelhos – “era hora de descansar”.
Teve duas paradas cardíacas enquanto fazia hemodiálise – “parou de sofrer”.
A família desolada procurava consolo entre abraços, colos, orações.
O coração cristão dizia que ela ia para os braços do Pai e desta forma estaria melhor do que qualquer um deles.
O coração humano se rasgava em dor. O egoísmo inerente da humanidade a desejava mais um tempo ali, deitada, ouvindo os familiares e amigos falarem sobre saudade e tentarem recuperar o tempo perdido. Falarem de arrependimento e se tocarem que para amar só se tem hoje.
A cobriram.
Levaram-na embora.
Se foi …. para longe dos olhos. Se eternizou no coração.
Não sei quantos anos tinha, qual profissão exerceu, qual o prato favorito.
Não sei nada além de que foi amada.
No último suspiro dela foi amada por todos e com todos ela foi minimamente feliz.
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